segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Rolimãs na esquina das ruas Albion e Guaricanga.

A aventura de dirigir vem comigo desde muito tempo. Tive uma infância ótima com muito tempo de brincar na rua sem qualquer tipo de perigo, exceto quebrar uma janela ou um dente, enfim, desde pequeno gosto de brincar, principalmente de bicicleta, tico-tico, triciclo e carrinhos de rolimãs, entre outros, pois minha vida foi marcada por muitas viagens sobre rodas. Tive até um carrinho a pedal, muito bacana, que eu e meu irmão Marinho (o de cabelo claro na foto abaixo) dividíamos.

De rolimã era uma farra, descíamos a Rua Albion, antiga rota para o interior do Estado, até a criação das marginais, e virávamos na esquina da Rua Guaricanga, tudo isso na Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo que eu sempre amei e onde passei toda a minha infância, e também onde ficava, ali, bem na esquina, o Empório São Jorge, um empório daqueles que vendiam arroz, feijão, batata, tudo a granel, naquelas sacas de tecido, bem como leite em garrafa de vidro, que chegavam cedinho naqueles engradados de metal. Lá tinha uma vitrine de doces maravilhosos e eu pegava sem meu avô perceber, quer dizer, eu achava que ele não sabia, o "alpino" e o "doce de abóbora". Era o empório do meu avô, Mario Ismael Assan, aliás, o nome dele original era Amar Ismael Assan, e minha avó, Albina Gir Assan. Que saudade!

Bem, aquela curva era radical porque o poste de luz ficava bem depois da esquina, do lado esquerdo da curva, e logo depois, poucos metros à frente, ficava a escada da casa do vizinho. Ali na Lapa ainda têm muitas dessas casas, cujas portas ficam muito mais alta que o nível da rua, por medo das enxurradas, talvez, que desciam lá da Rua Barão de Jundiaí e se encontravam com outras águas vindas da descida Albion.

O objetivo das nossas descidas era fazer a curva sem nos arrebentar no poste ou na escada, que ocupava metade da calçada, bem como não se perder da calçada e ir parar na rua, correndo o risco de ser atropelado, ou de atropelar algum cliente do meu avô ou algum vizinho, afinal, eu morava ali na Rua Guaricanga, número 345, bem no meio do quarteirão, aliás, essa rua tinha seis quarteirões de comprimento e o nosso era o único totalmente plano. Palco de peladas e muitas outras brincadeiras, toda a criançada da rua vinha se encontrar ali.

Quase sempre conseguíamos fazer aquela curva, mas muitas vezes os cotovelos e joelhos sofriam pela inabilidade. Os ralados doíam, mas era tudo de bom, RS! Esqueci, um pouco antes da curva, ainda na Rua Albion, ficava a escada para a porta de entrada da casa da minha avó. Quantos obstáculos nós tínhamos que considerar naquele rali para vencer a esquina. Normalmente estávamos em dupla, isto é, um ficava na esquina e dava o sinal para que o outro descesse. Dado o sinal o problema era parar caso, durante a descida, algo surgisse e precisássemos brecar... Já era! O breque era no pé mesmo, ou melhor, no “bamba” e não tinha outro jeito, o jeito era conseguir ralando a sola do tênis ou se arrebentar no poste, as vezes os dois.

Era uma delícia. Puxa, faz um tempão que não ando de carrinho de rolimãs. Depois vieram os skates, mas eu já estava com outras rodinhas nos pés. Hoje em dia divido meu tempo entre as rodinhas motorizadas e no pedal. Bem, esta última já vem comigo também há bastante tempo, mas essa história outro dia eu conto.

4 comentários:

Malu Oliveira disse...

Adorei sua estória. Bastante parecida com as minhas, sobre brincadeiras e riscos da infância. Tudo na rua, era genial. Tudo fresquinho na memória. Conte a próxima. Estou esperando. Beijo

cy disse...

Oi mnoço, faz tempo que ñ leio seu blog, vc anda beeemmm espiritualista, hein? Mas amei esta do rolimã, saudades do meu carrinho e do "esquibunda" com papelão em barranco(isso que dá ser criada entre 2 homens, rsrsrs)
Bjão

Anônimo disse...

Muito legal!

Anônimo disse...

Caro amigo,eu também morei na guaricanga,quase esquina com Albion.A venda do seu avô,eu frequentei,lembro bem dos sacos de feijão,arroz,e aquela máquina vermelha manual de cortar frios.Uma vez,seu avô me pegou com a mão no saco de feijão.eu usava os grãos para assoprar em canudinhos.Passei o maior vexame,e fiquei um bom tempo ser aparecer por lá.Morei na guaricanga entre 1961 á 1984.Nasci na lapa.
abraços de um lapeano