sábado, 9 de maio de 2009

Quanto vale um cafezinho?

Li uma dessas frases ditas famosas, que muitas vezes “é mais importante o fato em si do que quando e onde ele acontece”. Concordo parcialmente com isso. Penso que muitas vezes o momento em que o fato acontece é tão importante quanto ele em si mesmo.

Dia desse eu estava tão preocupado em organizar minhas tarefas e elas eram muitas que capitulei. Larguei tudo do jeito que estava e sai pra tomar um café. Aliás, pra mim, a hora do cafezinho é sagrada. Começou como um tempo de descanso e acabou se enraizando no meu comportamento. Já faz bem uns vinte e poucos anos, desde os tempos em que atuava na ação externa pelo SESC, lá em Sorocaba.

Curioso, quando o tempo começava a desabar, as ideias ficavam confusas, ou se o clima começasse a beirar o conflito, a saída para o café apaziguava e reorganizava tudo à sua volta, isto é, me ajudava. Olha como o momento é fundamental. O escritório do SESC ficava dentro do SENAC de Sorocaba e essa unidade tinha um terreno com aproximadamente uns 24 mil metros quadrados e desses, só 20% era de área construída. Sim, o restante compunha um lindo e bem cuidado jardim com muitas árvores, flores e uma pista de caminhada com 800m que nossa equipe havia implantado. Passear naquele lugar cheio de plantas, pássaros e principalmente o silêncio era maravilhoso.

Durante aquela caminhada os pensamentos acabavam por encontrar diferentes pontos de vista; a mente descansava; a idéias clareavam; o coração se acalmava, enfim, era um momento de volta à calma. Bastavam aqueles poucos minutos para que meu “hardware” ficasse mais relaxado e funcionasse melhor. Segundo Domenico De Masi, um filósofo italiano da atualidade, o tempo de ócio ou mesmo do lazer é um tempo em que podemos ser muito criativos. Aquelas voltas em meio à turbulência eram sem dúvida muito importantes para o meu estilo de vida e com o passar dos anos acabaram mesmo tornando-se parte do meu dia a dia.

Hoje não consigo ficar sem minhas voltas para “refrigerar a cachola”. Independente do acontecimento ou demanda que estiver me assolando, saio em busca de um tempo pra mim. Um verdadeiro ritual que parece aquele lance do “chá das cinco”; dado o sinal levanto e vou dar uma volta.

Creio que todos precisamos de um sinal, aviso ou que quer que seja para interromper o ritmo, reconsiderar os pontos de vista, o foco, objetivo, sentimento, enfim, o tempo de consigo mesmo. Como somos bombardeados o tempo todo por fatores estressantes, não importando o quanto ruim eles sejam, precisamos aprender a driblá-los.
Alguns estudiosos falam em “neutralização” do problema dentro da mente para se viver melhor, mas isso parece coisa de ficção científica. Claro que queremos neutralizar as coisas ruins e chatas, e deixar as coisas boas acontecerem, mas que privilégio seria poder escolher ou impedir uma delas.

Imagine o seguinte. Quem seria doido de não querer aproveitar o domingão com a família ou se acabar em diversão, lazer e curtição. Você já ouviu alguém dizer que vai passar o domingo descansando para ter uma semana melhor de trabalho? Difícil, para não dizer impossível.
Pois é, agora, você trocaria aquela “segunda-feira brava” por uma balada no sábado ou por um feriado emendado? Sem dúvida que sim.

A despeito do tempo de trabalho ou lazer estressante que temos, penso que ter um tempo só nosso para recuperar o sentido ou folego, cultivar a individualidade, diminuir ou mesmo eliminar o estresse, “baixar a bola” é algo desejável por todos e não tem preço.

Vou mais fundo, penso que cada um de nós deveria eleger o seu momento de reflexão e adotá-lo como prática cotidiana. Com isso, imagino que muitas brigas, discussões, mal-entendidos e conflitos desnecessários seriam evitados. Tudo em nome de um momento, dia ou vida melhor pra si e para todos.


Agora, reflita comigo, vale ou não a pena parar tudo e sair para tomar um cafezinho? Quanto vale esse cafezinho?

João Gambini

09/05/2009


3 comentários:

Cardápio Delicadeza disse...

Gambini, não sei quanto vale um cafezinho, mas mediante a tua tão elaborada reflexão, pensei até em ir tomar um agora!

Parabéns pelo texto.

Abração!!

cris disse...

Que Delìcia esse blog!
Parabens João, sempre de bom gosto, expressando muito bem suas idéias!!!!!

Adorei!!!!

bjss

Cris Audi

Luiz Câmara disse...

João favor me adicionar em seu orkut Luiz Camara ( marido da Érica) um gd abç