Embora eu não seja um fan desses brinquedos radicais de parques de diversões, como montanha-russa e tantos outros com nomes diferentes, cada vez mais percebo que eles parecem imitar ou representar a vida.
Com começo e fim certos, o tempo de diversão é definido pelo operador. As curvas de noventa graus pra direita e para a esquerda, subidas íngremes e lentas, as descidas vertiginosas e rápidas, os loopings, piruetas, parafusos, enfim, todos esses movimentos me lembram as situações do dia a dia e seus obstáculos, surpresas, encontros, imagens e pessoas que aparecem e somem, medos, risadas, gritos, tensão e outros tantos sentimentos, sensações e por aí vai.
O curioso nessa brincadeira é que cada um de nós vivencia, muitas vezes, o mesmo trilho ou carrinho, só que de maneira distinta. Uns gritam enquanto outros riem, ou ainda enquanto outros fecham os olhos, tudo no mesmo trilho. Às vezes combinamos mesmo e gritamos juntos. O operador é o mesmo, mas a percepção do tempo é diferente para cada um de nós.
Uns acham que a viagem foi muito rápida, outros que foi demorada, ou enfadonha, chata. Outros ainda querem mais porque acham que uma vez é pouco. Outros não querem nem pensar em repetir. Aliás, para o mundo que eu quero descer. Vencida a barreira dos cinquenta anos, sinto que meu respeito pelo operador continua ainda muito alto, mas o respeito pela vivência tornou-se a coisa mais importante pra mim. Tornou-se essencial.
Isto é, independente do tempo que me for dado, vou me divertir muito e de maneira ainda mais intensa. Quero perceber cada pedacinho ou trecho do caminho, com suas cores, sons, gestos e sentimentos.
Parafraseando Mário de Andrade, "o essencial faz a vida valer a pena" e vocês, caros amigos, são essenciais na minha vida.
Beijo no coração de todos.